terça-feira, 29 de setembro de 2009

OS DEVERES DA FAMÍLIA CRISTÃ

OS DEVERES DA FAMÍLIA CRISTÃ

Família, torna-te aquilo que és!
17. No plano de Deus Criador e Redentor a família descobre não só a sua «identidade», o que «é», mas também a sua «missão», o que ela pode e deve «fazer». As tarefas, que a família é chamada por Deus a desenvolver na história, brotam do seu próprio ser e representam o seu desenvolvimento dinâmico e existencial. Cada família descobre e encontra em si mesma o apelo inextinguível, que ao mesmo tempo define a sua dignidade e a sua responsabilidade: família, «torna-te aquilo que és»!
Voltar ao «princípio» do gesto criativo de Deus é então uma necessidade para a família, se se quiser conhecer e realizar segundo a verdade interior não só do seu ser, mas também do seu agir histórico. E porque, segundo o plano de Deus, é constituída qual «íntima comunidade de vida e de amor», a família tem a missão de se tornar cada vez mais aquilo que é, ou seja, comunidade de vida e de amor, numa tensão que, como para cada realidade criada e redimida, encontrará a plenitude no Reino de Deus. E numa perspectiva que atinge as próprias raízes da realidade, deve dizer-se que a essência e os deveres da família são, em última análise, definidos pelo amor. Por isto é-lhe confiada a missão de guardar, revelar e comunicar o amor, qual reflexo vivo e participação real do amor de Deus pela humanidade e do amor de Cristo pela Igreja, sua esposa.
Cada dever particular da família é a expressão e a atuação concreta de tal missão fundamental. É necessário, portanto, penetrar mais profundamente na riqueza singular da missão da família e sondar os seus conteúdos numerosos e unitários.
Em tal sentido, partindo do amor e em permanente referência a ele, o recente Sínodo pôs em evidência quatro deveres gerais da família:
1) a formação de uma comunidade de pessoas;
2) o serviço à vida;
3) a participação no desenvolvimento da sociedade;
4) a participação na vida e na missão da Igreja.

O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO (EFUSÃO)

O batismo no Espírito está por certo relacionado com o sacramento do batismo, como o indica o próprio nome. Insistiu-se muito, e com razão, nisso. Em seu livro "Iniciación cristiana y bautismo en el Espírito Santo" e, de uma maneira mais breve, no opúsculo "Reavivar a llama" (Fanning the Flame), K. McDonnell e G. Montague esforçaram-se por demonstrar que o "batismo no Espírito" é um momento e um aspecto integrante da iniciação cristã e que como tal foi conhecido e praticado na Igreja primitiva.

Para entender como um sacramento recebido no início da vida, na infância, pode de súbito inflamar-se de novo e voltar a irradiar tanta energia espiritual, ajuda-nos recordar alguns princípios de teologia sacramental. A teologia tradicional conhece o conceito de sacramento "ligado", ou "impedido". Diz-se ligado um sacramento que, mesmo sendo válido, não pode produzir seus frutos por causa de um impedimento. Um caso extremo disso é, por exemplo, o sacramento do matrimônio ou da ordem sagrada recebido em estado de pecado mortal. Ele não produz nenhuma graça de estado. Mas se, com a penitência, se retira o obstáculo, diz-se que o sacramento "revive"(reviviscit) e confere sua graça própria, sem que seja necessário repetir o rito sacramental.

Podemos aplicar analogicamente esse conceito ao batismo. Este é em muitos casos, um sacramento "ligado", não por causa do pecado mas em função da falta ou da fraqueza da fé, que constitui um requi­sito essencial. Fé e batismo sempre foram apresentados juntos no Novo Testamento: "Aquele que crer e se batizar será salvo". Quando o batis­mo era administrado aos adultos, depois de uma conversão e da acei­tação explícita de Jesus como Senhor, os dois fatores atuavam em con­junto, tinha lugar uma sincronização que acendia uma grande luz na vida das pessoas, como quando os dois pólos, negativo e positivo, da corrente elétrica são postos juntos. Mais tarde difundiu-se a prática de batizar as crianças. Mas por muitos séculos isso não implicava um problema tão grave, porque, vivendo numa sociedade e numa cultura imersas na fé cristã, a Igreja antecipava a fé da criança, tornava-se garantia desta, à espera de que ela mesma pudesse fazer formalmente seu ato de fé pessoal. Família, escola, sociedade a educavam — de forma melhor ou pior, entende-se, de acordo com a época e os lugares — na fé. Mas há tempos se sabe que a situação mudou e que são cada vez mais numerosos os casos de pessoas batizadas que não chegam nunca a completar o próprio batismo com o necessário ato de fé. O batismo continua sendo um sacramento "ligado". Trata-se de uma es­pécie de dom envolto numa caixa de presente, recebido no início da vida, no qual estão encerrados os títulos mais nobres (filho de Deus, irmão de Cristo, membro do corpo místico, templo do Espírito San­to...), mas que nunca foi aberto e que, portanto, permanece em gran­de parte não-ativado.

O batismo no Espírito é a ocasião em que a pessoa se converte, escolhe livre e pessoalmente Cristo como seu Senhor, confirma o seu batismo. É como quando o interruptor, permitindo a passagem da corrente, provoca o contato e faz que a luz se acenda.

Por esses motivos, é justo, repito, ver o batismo no Espírito em relação com o batismo-sacramento, como seu complemento ou reno­vação. Mas isso não é suficiente; ainda não se disse tudo. Vimos que a frase "batizar com Espírito Santo" não se refere apenas ao que faz Jesus no sacramento do batismo, abrangendo toda a sua obra e, em especial, Pentecostes. Não podemos explicar o atual batismo no Espírito únicamente como um efeito retardado do nosso batismo sacramental. Não é só o nosso batismo o que é "revivido" com este; também o são a confirmação, a primeira comunhão, o matrimônio, tudo. Trata-se de fato da graça de "um novo Pentecostes". Uma iniciativa nova, livre e soberana da graça de Deus que se funda, como todo o resto, no batis­mo, mas que não acaba aí. Não faz referência apenas à iniciação, mas também ao desenvolvimento e à perfeição da vida cristã.

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