terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ronaldo e Rosa


O casal pregando sobre a graça de ser família, de estar inserido neste grande projeto de Amor do Pai.

A ORAÇÃO CONJUGAL

A ORAÇÃO CONJUGAL- MARIDO E MULHER JUNTOS:


1.a oração conjugal é uma condição para o crescimento da espiritualidade do casal.
· A oração feita em comum marido e mulher, gera frutos de comunhão com Deus e um com o outro:
· Através da oração conjugal, nos revelamos um ao outro na presença de Deus:
· Diante de Deus, nossas máscaras tendem a cair, não há como sermos falsos diante de Deus;
· Um dos grandes desafios da oração conjugal é justamente esse medo de revelar sua alma. sua fé, sua vivência interior diante de Deus, pois a oração revela aquilo que somos e manifesta Deus em nossas vidas;
· O casal deve lutar para proporcionar esse momento precioso e necessário para sua vida conjugal;
· Seus efeitos são extraordinários, pois na oração falamos com Deus daquilo que sentimos que estamos vivendo, e de sua parte Deus nos comunica sua vontade e sua direção para nossas vidas.
· A oração é um diálogo, por isso ela tem dois momentos inseparáveis, primeiro, falamos com Deus, depois, escutamos Deus;
· Muitos casais nos dizem que rezam antes de dormir, alguns até utilizam aquela tradicional: "Com Deus me deito, com Deus me levanto, com a virgem Maria e o divino Espírito Santo";
· Alguns ainda, rezam o Pai Nosso, um Creio, Ave-Maria, outros até rezam o terço;
· Todas essas orações são boas, mas ainda não é a oração conjugal que Deus deseja que vivamos, essa é uma oração mais profunda, ou seja, uma experiência dos dois com Deus;
· Por isso, não pode ser uma oração rápida, formal, recitada, mas uma oração vocal que brote do coração:
· Que expresse o que estamos sentindo e vivendo naquele momento como casal e como família


2. Como fazer a oração conjugal?


· Falamos com Deus
· Em um primeiro momento, é falar em voz alta diante de Deus e do outro aquilo que está em meu coração, enquanto o outro ouve, partilha comigo de minha oração, intercede por mim em seu coração, enquanto me revelo diante de Deus.
· Depois é a vez de o outro expressar seus sentimentos, seu coração diante de Deus.
· É importante expressar sem medo, sem restrições aquilo que está no coração, pois é o íntimo do nosso coração que interessa para Deus.
· Quando nos revelamos a Deus diante do outro, permitimos que no outro conheça melhor meu interior, minha vida com Deus.


b) Deus fala conosco:

· Depois desse primeiro momento diante de Deus, que pode ser feito da forma que cada casal achar melhor, usando também um salmo, uma passagem bíblica, etc;
· Depois de esgotado o que gostaríamos de dizer para Deus, é hora de ouvirmos Deus;
· É momento de silenciar nossos corações, de deixar Deus falar em mim;
· Muitos podem até nos dizer, "mas eu não consigo escutar Deus";
· Deus nos fala de diversas formas: Como escutar Deus?
· No silêncio do coração com palavras interiores;
· Com sentimentos interiores que expressam o sentimento de Deus para nós;
· Através de uma citação bíblica que o Espírito nos inspira;
· E também através dos fatos de nossas vidas;
· Na oração conjugal, o Espírito Santo de Deus irá utilizar-se de todos esses recursos e outros mais para levar-nos a meditar e descobrir a direção que Deus está dando para nossas vidas.


c) Partilha da escuta e direcionamento familiar


· Após esse momento, o casal faz um momento de partilha, onde fala daquilo que sentiu, ou está sentindo em seu coração, aquilo que Deus está mostrando para nossas vidas;
· Após a partilha dos dois, o casal avalia qual a direção que Deus está dando para aquele tempo em sua vida conjugal e familiar;
· A oração conjugal dessa forma tem força para nos impulsionar por toda uma semana, por isso temos proposto que seja feita dessa forma ao menos uma vez por semana;
· Nos outros dias, a oração familiar estará dando manutenção a esse momento forte que vivemos como casal;
· O fruto da oração conjugal é a harmonia de sentimentos, a harmonia na vida sexual, a harmonia no diálogo, o reflorescimento do amor e dos frutos do amor, como a paciência, mansidão, delicadeza...
· Pois quando nos expomos à presença de Deus como casal, somos banhados pelo amor purificador e restaurador de Deus em nossas vidas.
Nossa Senhora das famílias rogai por nos!

OS DEVERES DA FAMÍLIA CRISTÃ

OS DEVERES DA FAMÍLIA CRISTÃ

Família, torna-te aquilo que és!
17. No plano de Deus Criador e Redentor a família descobre não só a sua «identidade», o que «é», mas também a sua «missão», o que ela pode e deve «fazer». As tarefas, que a família é chamada por Deus a desenvolver na história, brotam do seu próprio ser e representam o seu desenvolvimento dinâmico e existencial. Cada família descobre e encontra em si mesma o apelo inextinguível, que ao mesmo tempo define a sua dignidade e a sua responsabilidade: família, «torna-te aquilo que és»!
Voltar ao «princípio» do gesto criativo de Deus é então uma necessidade para a família, se se quiser conhecer e realizar segundo a verdade interior não só do seu ser, mas também do seu agir histórico. E porque, segundo o plano de Deus, é constituída qual «íntima comunidade de vida e de amor», a família tem a missão de se tornar cada vez mais aquilo que é, ou seja, comunidade de vida e de amor, numa tensão que, como para cada realidade criada e redimida, encontrará a plenitude no Reino de Deus. E numa perspectiva que atinge as próprias raízes da realidade, deve dizer-se que a essência e os deveres da família são, em última análise, definidos pelo amor. Por isto é-lhe confiada a missão de guardar, revelar e comunicar o amor, qual reflexo vivo e participação real do amor de Deus pela humanidade e do amor de Cristo pela Igreja, sua esposa.
Cada dever particular da família é a expressão e a atuação concreta de tal missão fundamental. É necessário, portanto, penetrar mais profundamente na riqueza singular da missão da família e sondar os seus conteúdos numerosos e unitários.
Em tal sentido, partindo do amor e em permanente referência a ele, o recente Sínodo pôs em evidência quatro deveres gerais da família:
1) a formação de uma comunidade de pessoas;
2) o serviço à vida;
3) a participação no desenvolvimento da sociedade;
4) a participação na vida e na missão da Igreja.

O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO (EFUSÃO)

O batismo no Espírito está por certo relacionado com o sacramento do batismo, como o indica o próprio nome. Insistiu-se muito, e com razão, nisso. Em seu livro "Iniciación cristiana y bautismo en el Espírito Santo" e, de uma maneira mais breve, no opúsculo "Reavivar a llama" (Fanning the Flame), K. McDonnell e G. Montague esforçaram-se por demonstrar que o "batismo no Espírito" é um momento e um aspecto integrante da iniciação cristã e que como tal foi conhecido e praticado na Igreja primitiva.

Para entender como um sacramento recebido no início da vida, na infância, pode de súbito inflamar-se de novo e voltar a irradiar tanta energia espiritual, ajuda-nos recordar alguns princípios de teologia sacramental. A teologia tradicional conhece o conceito de sacramento "ligado", ou "impedido". Diz-se ligado um sacramento que, mesmo sendo válido, não pode produzir seus frutos por causa de um impedimento. Um caso extremo disso é, por exemplo, o sacramento do matrimônio ou da ordem sagrada recebido em estado de pecado mortal. Ele não produz nenhuma graça de estado. Mas se, com a penitência, se retira o obstáculo, diz-se que o sacramento "revive"(reviviscit) e confere sua graça própria, sem que seja necessário repetir o rito sacramental.

Podemos aplicar analogicamente esse conceito ao batismo. Este é em muitos casos, um sacramento "ligado", não por causa do pecado mas em função da falta ou da fraqueza da fé, que constitui um requi­sito essencial. Fé e batismo sempre foram apresentados juntos no Novo Testamento: "Aquele que crer e se batizar será salvo". Quando o batis­mo era administrado aos adultos, depois de uma conversão e da acei­tação explícita de Jesus como Senhor, os dois fatores atuavam em con­junto, tinha lugar uma sincronização que acendia uma grande luz na vida das pessoas, como quando os dois pólos, negativo e positivo, da corrente elétrica são postos juntos. Mais tarde difundiu-se a prática de batizar as crianças. Mas por muitos séculos isso não implicava um problema tão grave, porque, vivendo numa sociedade e numa cultura imersas na fé cristã, a Igreja antecipava a fé da criança, tornava-se garantia desta, à espera de que ela mesma pudesse fazer formalmente seu ato de fé pessoal. Família, escola, sociedade a educavam — de forma melhor ou pior, entende-se, de acordo com a época e os lugares — na fé. Mas há tempos se sabe que a situação mudou e que são cada vez mais numerosos os casos de pessoas batizadas que não chegam nunca a completar o próprio batismo com o necessário ato de fé. O batismo continua sendo um sacramento "ligado". Trata-se de uma es­pécie de dom envolto numa caixa de presente, recebido no início da vida, no qual estão encerrados os títulos mais nobres (filho de Deus, irmão de Cristo, membro do corpo místico, templo do Espírito San­to...), mas que nunca foi aberto e que, portanto, permanece em gran­de parte não-ativado.

O batismo no Espírito é a ocasião em que a pessoa se converte, escolhe livre e pessoalmente Cristo como seu Senhor, confirma o seu batismo. É como quando o interruptor, permitindo a passagem da corrente, provoca o contato e faz que a luz se acenda.

Por esses motivos, é justo, repito, ver o batismo no Espírito em relação com o batismo-sacramento, como seu complemento ou reno­vação. Mas isso não é suficiente; ainda não se disse tudo. Vimos que a frase "batizar com Espírito Santo" não se refere apenas ao que faz Jesus no sacramento do batismo, abrangendo toda a sua obra e, em especial, Pentecostes. Não podemos explicar o atual batismo no Espírito únicamente como um efeito retardado do nosso batismo sacramental. Não é só o nosso batismo o que é "revivido" com este; também o são a confirmação, a primeira comunhão, o matrimônio, tudo. Trata-se de fato da graça de "um novo Pentecostes". Uma iniciativa nova, livre e soberana da graça de Deus que se funda, como todo o resto, no batis­mo, mas que não acaba aí. Não faz referência apenas à iniciação, mas também ao desenvolvimento e à perfeição da vida cristã.

Encontro de formação e lazer


Encontro de formação e lazer


domingo, 31 de maio de 2009

A FAMILIA TESOURO DE DEUS

Dom João Carlos Petrini*

Introdução

A família constituída por um homem, uma mulher e eventuais filhos, unidos por um vínculo indissolúvel, fundada sobre o matrimônio é a melhor maneira de viver o amor humano, a maternidade, a paternidade, pois corresponde ao desígnio de Deus, é o caminho da maior realização humana e, ao mesmo tempo, constitui o bem mais decisivo para que a sociedade cresça na paz. No entanto, a família aparece nos ambientes da nossa vida quotidiana, nos meios de comunicação, nas universidades e nas propostas apresentadas no Congresso Nacional, como uma realidade do passado, sem chances de interessar ao mundo moderno. Apesar disso, toda a propaganda de uma mentalidade contrária à família divulgada nos meios de comunicação (cinema, televisão, imprensa), mesmo tendo à disposição meios tão poderosos, não impediu uma grande valorização da família por parte da maioria da população brasileira que continua a fazer uma experiência positiva da vida familiar. Devemos reconhecer, com certa surpresa, que este impressionante aparato de mídia e ideologias não é mais potente que a experiência elementar que muitos vivem em família, como a experiência de um bem precioso e inextirpável.

Mas é inevitável que, nesse contexto, a relação entre homem e mulher seja considerada precária, a paternidade desvalorizada e a própria maternidade posta em questão. Uma grande confusão envolve a maneira como a sociedade em que vivemos representa a família. Diante dessa realidade, o Papa João Paulo II convidava os cristãos, já nos anos ’80, a retomar o desígnio de Deus sobre a pessoa, o matrimônio e a família, para nele encontrar a certeza do caminho.

A Igreja conhece as dificuldades que muitas famílias encontram para dar conta de suas responsabilidades, para manter a casa, para educar os filhos, para permanecer unidas e quer redobrar as atenções e os serviços para fortalecê-las e ajudá-las em suas lutas diárias. A Igreja é solidária com os sofrimentos e os dramas de muitas famílias atingidas pelo desemprego, por doenças ou pela ruptura dos vínculos familiares.

A Igreja convocou esta Peregrinação Nacional em Favor da Família para pedir a proteção da Virgem Aparecida sobre todas as famílias brasileiras e para meditar sobre o bem precioso que é a família. O Papa Bento XVI, neste mesmo lugar no qual nos encontramos agora, disse ao inaugurar a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe: “A família, patrimônio da humanidade, constitui um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos. Ela foi e é escola da fé, palestra de valores humanos e cívicos” (DI, 5). Queremos aprofundar estas palavras para compreender porque a família é o maior recurso para a pessoa e o maior recurso para a sociedade: para a pessoa, para que cresça no amor e no serviço ao bem de outros, para a sociedade, para que ela supere a violência e a corrupção e encontre os caminhos da paz.

Durante muito tempo pensamos que a sociedade moderna era mais favorável ao bem das pessoas do que o cristianismo. Muitos tomaram distâncias da Igreja achando que ela constituía um estorvo. Esta distância tornou-se mais visível na falta de convicção para educar os filhos a trilharem o caminho da fé. Hoje fica claro que a sociedade brasileira cresceu dando as costas a Deus, mas os resultados não são tão bons quanto se esperava.

* Dom João Carlos Petrini é Doutor em Sociologia, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Família na Sociedade Contemporânea da Universidade Católica do Salvador e Bispo Auxiliar de Salvador.

• A violência assola nossas cidades, ceifando nossos adolescentes e jovens.
• Os meios de comunicação enchem nossas casas de banalidades e de vulgaridades, contribuindo para uma convivência de baixa qualidade.
• A corrupção expande-se de modo nunca visto antes em todos os ambientes da vida. • A morte é cultuada como solução preferida diante de diversos problemas.

Nós estamos aqui hoje com a consciência de que Deus deu a nós a luz necessária para construir. Retomamos o desígnio de Deus sobre Pessoa, Matrimônio e Família.

Queremos ter claras as razões pelas quais a família cristã é um bem de extraordinária importância para quem dela faz parte e para toda a sociedade, para seguir o Senhor como discípulos, movidos por convicção e entusiasmo, para construir junto com Ele, rocha que nenhuma tempestade abala, nosso Caminho para a verdade de nossa vida. Deus quer colocar em nossas mãos o futuro não só da família, mas da Igreja e da paz na sociedade. Família e virtudes humanas e cristãs

“A família encontra-se no meio de uma tempestade” disse o Papa Bento XVI em sua visita a Lourdes. Por outro lado, o Papa João Paulo II na Familiaris Consortio (1981) diz: “o futuro da humanidade passa através da família”.

A sociedade globalizada sofre uma forte perda de virtudes sociais, quer na esfera privada, quer na pública: corrupção, agressividade, violência, entre outras coisas. São os frutos não previstos da redução de todos os aspectos da convivência, inclusive os mais sagrados, a mercadoria. São as conseqüências da redução da família a fato privado e da exasperação do individualismo. Observa-se certa degradação da esfera pública e do bem comum. Além disso, observam-se tendências a reduzir a capacidade educativa das famílias: as crianças passam cada vez menos tempo com os pais, obrigados, muitas vezes, a horários de trabalho incompatíveis com os cuidados familiares. São exaltados de tal maneira os direitos dos indivíduos, que vai sendo reduzida a solidariedade entre familiares.

Apesar de tantos limites, a família continua sendo o bem mais precioso, pois nela as pessoas vão adquirindo hábitos, valores, atitudes, critérios de avaliação de toda a realidade que se consolidam com o tempo e que tornam as relações familiares decisivas na formação da identidade pessoal. As pessoas dispõem, assim, de recursos para enfrentar a vida com sua trama de problemas e desafios. Estudiosos falam da família como lugar onde é produzido capital humano, bem como capital social e espiritual. O capital civil da sociedade é gerado pelas virtudes transmitidas na família de maneira única e insubstituível.

Na família forma-se a confiança, tão decisiva nas relações interpessoais, comunitárias e sociais. Economistas reconhecem a crise de confiança como uma das causas da atual crise econômica mundial e uma das dificuldades para superá-la.

A família educa seus membros à cooperação, pois nela florescem práticas de serviço recíproco, para construir o bem comum, de atenção dada aos mais frágeis e vulneráveis.
A família é o lugar no qual se vivem relacionamentos gratuitos, onde mais se pratica o intercâmbio de dons, educando dessa maneira a relações de reciprocidade.

Ela torna-se escola de fraternidade, educa à generosidade para com o próximo, estimula a perseguir um projeto de vida junto com outras pessoas, proporciona um treinamento das virtudes necessárias para realizar os objetivos da vida (paciência, constância, justo cálculo dos recursos disponíveis).

Quando, pelo contrário, as relações familiares adquirem as características da contingência, da precariedade, seguindo modelos onde tudo é negociado em função da busca do bem individual, tendem a consumir e não criar capital humano e social.

O ser humano (homem e mulher) se realiza no amor. O melhor do amor se vive em família O ser humano (homem e mulher) existe somente em relação, nasce de uma relação, cresce e desenvolve a sua identidade na medida em que é inserido numa trama de relações, pode expressar todo o potencial de sua maturidade, a criatividade e a procriação, graças a relações especialmente significativas. O ser humano é um ser relacional, no sentido que algumas relações humanas o constituem, quer na sua origem, quer no seu desenvolvimento e na aquisição das características mais importantes de sua personalidade. Estamos no pólo oposto do individualismo, tão festejado nos últimos tempos.

As relações familiares são particularmente significativas. Elas são fundadoras da personalidade, são constitutivas do ser humano, quer física, quer psicologicamente.
Ninguém vem a este mundo por sua decisão, por sua própria iniciativa, como obra de suas próprias mãos. Não damos a nós mesmos a vida, nós a recebemos de outros, dos genitores. Desde o primeiro momento da concepção até a última etapa da velhice somos um feixe de relações, vivemos graças a esse feixe de relações.

A relação com a mãe (ou com quem tomar o seu lugar) constitui o eu de cada um. A criança não somente recebe carne e sangue da mãe, mas é por ela cuidado. Enquanto a mãe amamenta, fala com seu bebê e este, ao sugar o leite materno, aprende a falar e assimila, juntamente com os nutrientes, elementos basilares da sua personalidade.

É verdade que um ser humano pode nascer em qualquer lugar, mas é melhor se nascer numa família que o acolhe. Alguém pode trabalhar somente para cuidar de seus gastos, mas é melhor trabalhar para alimentar o amor de uma família. Pode se amar qualquer pessoa, de qualquer jeito, mas é melhor construir a experiência do amor humano em contexto familiar. Pode procriar de qualquer maneira, até em laboratório, mas é muito melhor gerar um novo ser humano como fruto de um ato de amor conjugal. A pessoa pode viver a doença de maneira solitária, mas é mais humano vivenciá-la no seio de uma família. A pessoa pode morrer em qualquer lugar, mas é mais digna a morte quando a pessoa é cercada pelo afeto de familiares.

Matrimônio e família: uma construção da cultura ou um dado originário?

Matrimônio e família correspondem à estrutura constitutiva do ser humano. Constituem o ponto de encontro entre exigências antropológicas originárias, algumas de caráter biológico e outras de caráter psíquico, com acultura. A família, então, não é uma pura construção humana, inventada em algum momento da história, podendo ser reinventada agora segundo o gosto de cada um. Ela nasce da elaboração cultural, isto é, das respostas dadas às exigências originárias que atravessam todas as épocas e todas as culturas.

A diferença sexual é originária (no princípio, homem e mulher Deus os criou). Homem e mulher gozam da mesma dignidade humana. A igual dignidade, no entanto, se exprime na diferença sexual. Esta revela uma carência estrutural: o ser humano necessita do outro, não pode viver sozinho. “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2, 18). O Papa João Paulo II na Mulieris Dignitatem afirma:
“Trata-se de compreender a razão e as conseqüências da decisão do Criador de fazer existir o ser humano sempre e somente como mulher e como homem”(MD, 1).
O ser humano tem necessidade do outro para estabelecer com ele relações de aliança, integração, comunhão. A aliança conjugal se diferencia de outras possíveis alianças porque envolve a totalidade da pessoa, até que “os dois formam uma só carne, para a vivência do amor e para a procriação.

A família é o lugar onde vida privada e realidade social se encontram, convergindo na busca do bem comum. A qualidade da convivência social depende em grande parte das famílias, das virtudes humanas e sociais que elas transmitem às novas gerações e da valorização e proteção que estas recebem do Estado. Por isso, o bem da Família é ao mesmo tempo o bem da sociedade.
Amor e amar: afeto e decisão para a existência

O amor é um acontecimento inesperado, é um sentimento de afeto entre um homem e uma mulher que nasce espontaneamente, não é planejado e também costuma desaparecer sem avisar, sem pedir licença. Por isso, o afeto não tem as condições para dar fundamento a um matrimônio, a uma vida de família.

Amar indica uma decisão que envolve a vida inteira da pessoa e nasce da avaliação de todas as circunstâncias e possíveis implicações daquela experiência de amor. Em outras palavras, a pessoa tocada por sentimentos de afeto usa sua inteligência (isto é, sua capacidade de julgar) para tomar uma decisão razoável, antes de amar, isto é, antes de estabelecer uma relação amorosa cheia de implicações. A pessoa pode chegar à conclusão que aquele acontecimento afetivo (paixão), mesmo parecendo arrebatador, não deve ser levado adiante porque não apresenta as condições necessárias para que venha a constituir razoavelmente um bem verdadeiro e duradouro.

Por que dar uma base jurídica ao amor humano?

Há, atualmente, uma forte tendência a rejeitar o casamento civil como desnecessário: o casal resolve autonomamente quando casar e quando descasar. A aliança conjugal configurou-se ao longo de toda a história como um pacto de caráter jurídico. Por que casar? Não basta juntar-se quando os dois se querem bem?

Cada relação contém em si a possibilidade do seu contrário, contém a possibilidade da ambigüidade, a possibilidade do bem e do mal. Específico do ser humano é a ambivalência de todas as relações, que podem ter um significado positivo e um significado negativo. Por exemplo: alguém ao dizer: “eu te amo”, pode dizer a verdade, pode falar com hipocrisia ou pode fazer uma ironia. A relação de uma mãe com sua criança pode configurar-se como rejeição, abandono ou como acolhimento. Mas a relação não tem o mesmo valor se toma a forma positiva do acolhimento ou a forma negativa do abandono.

O direito tem como finalidade potencializar as relações positivas entre as pessoas. O direito procura dar força à relação, ao empenho que um homem toma diante de outros homens. Por exemplo, na relação de negócio, o contrato tem a finalidade de tutelar os interesses dos contratantes. É verdade que um contrato pode ser violado, mas o empenho público e jurídico fornece um adicional de força para respeitar o empenho assumido. O direito opera para dar força à dimensão positiva das relações e para limitar ao máximo as negativas.

A família assentada não apenas no afeto, mas no matrimônio civil e religioso oferece expectativas melhores de durar no tempo e de atravessar as inevitáveis turbulências, podendo dar conta de maneira mais plena de suas responsabilidades (educativas, de amparo e proteção aos seus membros mais frágeis.
A relação amorosa tem uma dimensão subjetiva (o afeto), mas se consolida como relação objetiva pelo vínculo jurídico do matrimônio civil e pelo vínculo sagrado do sacramento do matrimônio.

Por que casar na Igreja?

A família cristã está fundada no sacramento do matrimônio entre um homem e uma mulher, sinal do amor de Deus pela humanidade e da entrega de Cristo por sua esposa, a Igreja. “A família é imagem de Deus que em seu mistério não é uma solidão, mas uma família” (DP 582). Na comunhão de amor das três Pessoas divinas, nossas famílias têm sua origem, seu modelo perfeito, sua motivação mais bela e seu último destino. Deus é amor e optando por viver em família em meio a nós, eleva a família à dignidade de Igreja doméstica. Pelo sacramento do Matrimônio, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, sua potência que vence a morte, tornam-se presentes e atuantes na vida conjugal.Casar na Igreja significa reconhecer que aquela união conjugal corresponde ao desígnio de Deus. Chama em causa o próprio Jesus Cristo, morto e ressuscitado que se torna presente na relação conjugal. O casal necessita da potência (da misericórdia) divina que vence a morte para vencer o cansaço, o desgaste e eventuais infidelidades. A luz de Cristo invocada e acolhida é necessária para conduzir os filhos à maturidade com sabedoria e equilíbrio.

A convivência (uniões de fato) tem na sua origem a vontade explícita de não consolidar com garantias jurídicas e religiosoas aquela convivência de tipo conjugal. As pessoas envolvidas não querem dar garantias de que se empenham por toda a vida naquela relação.
Na sociedade pluralista, onde os indivíduos conquistam espaços de liberdade cada vez mais amplos, os homossexuais pedem os direitos de cidadania e a proteção de suas uniões. A Igreja acolhe e orienta os homossexuais (ver Catecismo da Igreja Católica). O Estado procura amparar e proteger as partes mais frágeis nessa relações. Há caminhos jurídicos eficientes para responder a essas exigências, sem desvalorizar a família fundada no matrimônio.

Conclusões

Configura-se, na sociedade moderna, uma pluralidade de formas familiares que reivindicam reconhecimento e legitimidade social. Um dos maiores desafios da família contemporânea consiste exatamente em equacionar os direitos individuais de seus membros com as exigências de coesão interna e de coesão social.A família fundada no matrimônio assume de maneira explícita e pública a responsabilidade recíproca e para com eventuais filhos. Por isso, a família constitui o maior recurso humano e social disponível, e é de interesse dos poderes públicos não desperdiçar esses recursos. Abrem-se, assim, amplos espaços para políticas sociais que focalizem a subjetividade social da família.Cabe identificar quais formas familiares favorecem mais a solidariedade social, quais formas familiares têm como projeto, como finalidade própria, assumir a cooperação entre os sexos e entre as gerações.
As famílias assentadas em matrimônio valorizam a estabilidade e proporcionam coesão social, oferecendo a perspectiva da duração no tempo do relacionamento e isto favorece a integração afetiva e emocional dos cônjuges e da prole. Por fim, a família estável é capaz de dar assistência, de maneira continuada e eficaz, aos seus membros mais fracos (crianças, idosos e portadores de deficiências). Este ambiente favorece o florescimento de uma efetiva paz social. Este é o terreno no qual se joga o grau mais ou menos civilizado de uma sociedade. Tudo indica, no entanto, que essa cooperação está sendo posta em questão.
O moderno Estado ‘laico’ não deverá usar um critério religioso para avaliar as diversas formas de convivência familiar. Deve avaliar quais formas de convivência resultam mais úteis à sociedade. Estas devem ser reconhecidas, encorajadas e sustentadas com base na avaliação das conseqüências positivas que produzem para a sociedade. Por isso, as medidas do governo para regulamentar as diversas formas de viver o afeto não devem descaracterizar a família fundada no matrimônio, identificando-a com qualquer tipo de convivência com base afetiva.
A primeira medida de política social em favor da família consiste, então, na criação de uma “cultura da família”, isto é, de uma mentalidade socialmente difusa, que reconheça e promova os valores da família como positivos e desejáveis para o bem-estar das pessoas e da sociedade.
O que fazer para que a família seja fortalecida e enriqueça seus membros e a sociedade com o capital humano e social que gera?

1.É necessário desenvolver uma prática de reflexão sobre os bens que a família proporciona a seus membros, aumentando a consciência da riqueza que carrega (empowerment).

2.Expandir uma Pastoral Familiar “intensa e vigorosa”.
3. Promover uma sociedade amiga da família:

a) Política habitacional amiga da família;

b) Política de emprego amiga da família;

c) Meios de comunicação amigos da família;

d) Sistema educacional amigo da família (inclusive livros de texto, programas, etc.);

e)Empresas amigas da família.

4. Multiplicar Associações Familiares que se tornem capazes de dialogar e interagir com as diversas instâncias de poder público.

5. Atenção a não reduzir a família a lugar dos afetos, dos prazeres e dos interesses. Ela constitui um bem relacional, paradigma do dom e do perdão.
Quais partidos incorporam em seus programas uma valorização da família adequada aos nossos tempos, com políticas familiares que procuram concretizam na prática essa valorização? Quais são as forças sociais e culturais que compreendem o valor da família e trabalham para ela? Quem são os políticos sinceramente comprometidos com o bem da família?

Experiência de oração para casais


O casal: Pedro/Sheila Neves

Casal: Rosivaldo/Regicleia


terça-feira, 26 de maio de 2009

Missa pelas famílias reuniu 30 mil pessoas em Aparecida

Missa pelas famílias reuniu 30 mil pessoas em Aparecida

APARECIDA, segunda-feira, 25 de maio de 2009 (ZENIT.org).- A Missa pelas famílias na manhã de ontem no Santuário de Aparecida reuniu 30 mil pessoas, no contexto da Peregrinação em Favor da Família.

Na entrada, um grupo de pais, mães e filhos caminhou em direção ao altar, conduzindo o carro-andor com a imagem da Sagrada Família.

A celebração foi presidida pelo presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Geraldo Lyrio Rocha. Contou ainda com a presença de 22 bispos e arcebispos e mais de 100 padres e seminaristas de todo o Brasil.

Dom Geraldo Lyrio destacou em sua homilia que a família é “o lugar onde se aprendem as virtudes, os valores, os critérios e as atitudes que são necessárias para uma autêntica convivência social".

O arcebispo de Mariana disse ainda que a família, “patrimônio da humanidade, constitui um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos”.

Ele recordou palavras de Bento XVI em sua viagem ao Brasil de maio de 2007, quando o Papa afirmou que a família é “escola de fé, espaço de valores humanos e cívicos, lar em que a vida nasce e é acolhida generosa e responsavelmente”.

“A família é insubstituível para serenidade da pessoa e para a educação de seus filhos", recordou Dom Geraldo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Papa disse na África que é preciso mudar o olhar sobre a sexualidade

“Papa disse na África que é preciso mudar o olhar sobre a sexualidade”Artigo do arcebispo de Granada em apoio a Bento XVI

Por Nieves San MartínGRANADA, segunda-feira, 18 de maio de 2009 (ZENIT.org ).-
O arcebispo de Granada, Javier Martínez, escreveu um artigo, publicado no semanário diocesano de Granada e Guadix, titulado “Obrigado, Santo Padre!”, no qual afirma que “o que o Santo Padre disse na África é simplesmente que temos necessidade de mudar nosso olhar sobre a sexualidade”.

Em seu artigo, o arcebispo de Granada começa relatando dois fatos que lhe foram contados por seus protagonistas.

Em um país da América Latina, uma médica, ginecologista, premiada como a melhor médica do país pelo governo de sua nação, dedica parte de sua vida profissional a dirigir um programa de educação afetiva e sexual a adolescentes e jovens. O programa consiste em dar a conhecer com detalhe suficiente aos jovens o funcionamento do corpo humano em relação com a sexualidade e com o afeto.

A médica da América Latina, relata o arcebispo, estava ministrando seu programa em um colégio da capital de sua nação no qual estavam as filhas do ministro da Educação. Um dia, no teatro, coincidiram de se encontrar o ministro e a médica. Foi o ministro quem viu a médica, e se aproximou dela para felicitá-la: “Doutora, que alegria ver-lhe! Não se pode fazer idéia de como minhas filhas estão contentes!” O ministro seguiu nessa via por um momento, até que a médica lhe disse: “Também me alegro, ministro, que suas filhas estejam tão contentes, e que você tenha tido a ocasião de ver o valor que tem um programa planejado desta forma. O que acha do Ministério promover nos colégios públicos onde os pais permitirem - as filhas do ministro estudavam em colégio particular, como é natural –, o mesmo programa?” Ah! Isso não, doutora! Isso não pode acontecer! Pode-se educar a alguns poucos, mas para o povo é preciso dar preservativos”.

O segundo fato que relata o arcebispo refere-se a uma médica norte-americana, que trabalha em Gana, em um centro de Atenção Primária. Havia estado na Conferência Internacional do Cairo sobre a População e o Desenvolvimento, em 1994, e de retorno à América, antes de voltar para sua missão, passou pela Espanha.

“Coincidimos em um ato, nos apresentaram e estivemos falando um bom tempo. No centro onde ela trabalhava, em uma zona sumamente deprimida – me disse –, morriam todos os dias crianças desidratadas por causa de uma simples colite, por falta de soro fisiológico, e pela ignorância das mães. Contudo, o centro estava literalmente “cheio” – ou talvez seria melhor dizer “invadido” – de caixas e caixas de preservativos que certas companhias americanas e europeias lhes enviavam gratuitamente, até não saber o que fazer com eles, porque ocupavam um espaço no centro que não tinham, e que precisavam para coisas mais urgentes e mais graves”.
E o arcebispo lhe pergunta: “Quem paga o anúncio? Que visão do ser humano e da vida _ e das diferentes classes de seres humanos, e de vidas humanas – se esconde por trás destas histórias? Quem, quais poderes e quais indústrias, se beneficiam da despovoamento da África, e pensam já sem dúvida nos futuros benefícios de suas imensas riquezas e reservas naturais? Sem dúvida, os mesmos que degradam sem cessar e sem limite nossa própria humanidade e a dignidade de nosso pensamento quando decidem – e ninguém seria capaz de explicar racionalmente em virtude de qual poder –, promover entre nós a banalização absoluta do uso do corpo humano e do sexo”.

“O que se silencia é o dado – perfeitamente constatado – de que o uso massivo dos preservativos não deteve a aids na África, mas a propagou”, sublinha Dom Martínez.
“O que o Santo Padre disse na África é, simplesmente, que temos necessidade de mudar nosso olhar sobre a sexualidade – assinala o arcebispo de Granada –. E também que temos necessidade de mudar nosso olhar sobre a enfermidade e sobre os enfermos. Duas verdades evidentes. Antes que nenhuma outra reflexão acerca do direito do Papa a falar, ou acerca de que coisas pode ou não pode, ou deve ou não deve falar, o que se impõe recordar é, sobretudo, que o que disse o Papa é verdade”.

E conclui: “Obrigado, Santo Padre, por ter o valor de dizer-nos a verdade, a nós e a nossos irmãos africanos! Obrigado por reclamar a todos nós a uma vida de primeira classe, a uma vida verdadeira e plenamente humana! Milhões de homens pedimos ao Senhor todos os dias para que não se canse, para que não ceda, para que o Senhor lhe sustente e continue sendo livre!”.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Solução ética para casais inférteis

Na ProTechnology, solução ética para casais inférteis,Desenvolvida na Irlanda pela Dra. Caroline Guindon

Por Nieves San Martín

PARIS, quarta-feira, 6 de maio de 2009 (ZENIT.org).- Em um texto do blog de bioética da Conferência Episcopal Francesa, escrito pelo sacerdote Olivier Bonnewijn, aborda-se o tema da assistência médica e da procriação, abrindo um debate que continuará com os próximos artigos.

Bonnewijn, presbítero da diocese de Malinas-Bruxelas e professor de ética do Instituto Teológico de Bruxelas, alude em sua nota à prova de infertilidade para os casais e oferece um esclarecimento sobre o que a Igreja Católica diz a respeito das técnicas de produção de embriões humanos.

«Com quem falar? – pergunta-se Bonnewijn em seu artigo. Desde a segunda metade do século XX, o progresso da ciência permite a realização de tratamento eficazes. Os médicos atendem casos de infertilidade, dando assim a numerosos esposos a possibilidade de realizar seu desejo de ser pais. A Igreja se alegrou sempre por este progresso. O desenvolvimento atual da NaProTechnology oferece um exemplo entre outros. A medicina da procriação surgiu entre os casais colocando-se a seu serviço, seja antes, durante ou depois de sua união conjugal.»

Divulgando a nota de Olivier Bonnewijn, Caroline Guidon aborda, dentro do mesmo blog, o tema da NaProTechnology.

«Ao contrário das técnicas de assistência médica à procriação, que rodeiam as causas de infertilidade e substituem o ato conjugal, a NaProTechnology investiga e trata das causas subjacentes da infertilidade, tanto na mulher como no homem, para permitir a concepção em uma relação sexual normal», afirma Guidon.

«O objetivo é, portanto, ajudar os casais a conceberem seu próprio filho, mas não a qualquer preço: nunca às custas da saúde mental e física da mulher, da relação do casal, da destruição de outros embriões ou da desvalorização da pessoa da criança por nascer», acrescenta.
Caroline Guindon, médica, exerce a NaProTechnology desde setembro de 2005 na Clínica de Fertilidade da Clínica Galway na Irlanda.

Guindon explica como a NaProTechnology pode ajudar os casais que enfrentam a infertilidade a conceber uma criança no respeito de sua relação e do embrião.
Acessível na Irlanda desde 1998, este método permitiu que mais de 800 casais irlandeses e ingleses chegassem ao término da gravidez. Até hoje, foram acompanhados três mil casais.

Para ter acesso aos artigos: http://www.bioethique.catholique.fr/

Para saber mais sobre o método da Dra. Guindon:www.fertilitycare.fr

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Manifesto em favor da família

Publicamos o “Manifesto em favor da família”, divulgado ontem pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), durante a Assembleia Geral do episcopado, em Itaici (Indaiatuba, São Paulo).
* * *
Nós, Bispos do Brasil, reunidos na 47ª Assembleia Geral da CNBB, em Itaici, Indaiatuba (SP), nos dias 22 de abril a 1º de maio de 2009, a caminho da “Peregrinação Nacional em Favor da Família” ao Santuário Nacional de Aparecida, dia 24 de maio de 2009, nos deparamos com constantes ameaças à vida e à família. À luz da Palavra de Deus, do Magistério da Igreja e da experiência humana, reafirmamos que:Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, homem e mulher ele os criou (cf. Gn 1,27), destinando-os à plena realização na comunhão de vida, de amor e de trabalho. Por essa razão, o matrimônio e a família constituem um bem para os esposos e a sociedade. O amor conjugal aberto à geração e educação dos filhos proporciona a experiência de paternidade e maternidade através das quais os pais se tornam colaboradores do Criador. “O futuro da humanidade passa pela família” (João Paulo II);O Estado e outras organizações civis estão a serviço, defesa e promoção da vida e da família. Ela é sujeito titular de direitos naturais e invioláveis. Sua legitimação se encontra na natureza humana e não no reconhecimento do Estado. A família tem prioridade em relação ao Estado e à sociedade, pois ela é a primeira e mais decisiva fonte onde se transmitem a vida e o seu significado e se experimentam os valores humanos para alcançar o bem da comunidade. A família goza do direito de ser assistida por políticas públicas governamentais e sociais que possibilitem o seu acesso à vida digna, à alimentação, à saúde, à moradia, ao salário justo, à educação e escola para os filhos, à formação profissional, ao descanso, ao lazer e à infra-estrutura sanitária;Cabe ao Estado proteger a família estável fundada no matrimônio, não por razões religiosas, mas porque ela gera relações decisivas de amor gratuito, cooperação, solidariedade, serviço recíproco e é fonte de virtudes para uma convivência honesta e justa;Os meios de comunicação, os poderes públicos, os profissionais de saúde, as universidades, o sistema educacional, as empresas, as instituições e os organismos não-governamentais e todas as igrejas são conclamados a promover os valores da família e agirem como seus amigos;A Pastoral Familiar, Movimentos, Serviços e Institutos sejam uma força intensa e vigorosa para anunciar o “Evangelho da vida e da família” e acolher aquelas que se encontram em situações especiais. Na verdade, a família contribui para que todos os povos reconheçam os laços fraternos que os unem, pois o mundo é chamado a ser uma grande família, um mundo de irmãos.Pedimos a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil, que abençoe e acompanhe a família brasileira a fim de que nela habitem a fé, a esperança e o amor tão próprios da Sagrada Família de Nazaré. “Dobremos os joelhos diante do Pai, de quem toda família no céu e na terra, recebe seu verdadeiro nome” (Ef 3,15).Itaici, Indaiatuba-SP, 29 de abril de 2009
Dom Geraldo Lyrio RochaArcebispo de Mariana-MGPresidente da CNBB Dom Luiz Soares VieiraArcebispo de Manaus-AMVice-Presidente da CNBB Dom Dimas Lara BarbosaBispo Auxiliar do Rio de Janeiro-RJSecretário Geral da CNBB

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Coragem! E sede fortes.

- Deuteronômio 31,6“Coragem! E sede fortes.

“Coragem! E sede fortes. Nada vos atemorize, e não os temais, porque é o Senhor vosso Deus que marcha à vossa frente: ele não vos deixará nem vos abandonará”. Queridas famílias de todo Pará. É com alegria que estamos iniciando um novo contato com todas as famílias do Pará e Brasil e do ministério para as famílias na RCC através desse link em que queremos partilhar com as famílias da RCC e também com todas as famílias do Brasil, aquilo que o Senhor tem nos dito nesses tempos, suas orientações, exortações e consolações. Para tanto estamos iniciando esse trabalho e pedimos suas orações para que todo mês tenhamos uma palavra que edifique a espiritualidade de nossas famílias. Estaremos nesse mês de forma especial realizando a semana da família, e estamos felizes por termos participado do Congresso Nacional da RCC de forma especial nesse ano em que comemoramos 40 anos. Quarenta anos é um tempo especial para o povo de Israel e também para nós o Senhor nos diz ser um tempo novo com Igreja, como RCC e como ministério para as famílias. O Senhor nos deu essa palavra no ultimo dia do Congresso para as famílias quando fomos convidados a dirigir a oração da manhã do evento. Orando o Senhor nos dizia isso, “Coragem”, essa é a palavra de ordem do Senhor para nossas famílias, coragem irmão, coragem pais, coragem filhos. Muitas famílias andam desanimadas, muitos de nossos irmãos de caminhada desanimados com seus parentes, maridos, esposas, filhos, essa é a imagem que o Senhor nos dava, mas Ele mesmo vem nos dizer coragem vamos em frente. “Sede fortes”, esse é outra expressão do Senhor para nossas famílias, não desanimemos por qualquer situação, contrariedade, “o Senhor caminha a nossa frente”. Irmãos, essa palavra de Deus para nós como famílias é importante, pois sabemos que no dia a dia, muitos de nós estamos sendo atacados por todo tipo de situações que tiram nosso olhar do Deus que caminha conosco e a nossa frente. Muitos pais com dificuldades com seus filhos e o Senhor vem dizer-nos: “coragem”, “sede fortes”. Tomemos hoje posse dessa palavra, renovemos nossas forças diante da palavra do Senhor que nos conforta e nos dá sua promessa: “é o Senhor vosso Deus que marcha à vossa frente: ele não vos deixará nem vos abandonará”. Sabei que no mundo todo as famílias têm sido atacadas de forma covarde pelo mal que quer a destruição das famílias, mas o Senhor é por nós e a vitória já está assegurada para aqueles que seguem os seus caminhos e suas palavras. De forma especial o nosso feliz dia dos pais a todos os pais da RCC, do ministério para as famílias e para todos os pais de um modo geral. Que São José, patrono da Igreja e juntamente com Nossa Senhora das Famílias, protetor do ministério para as famílias interceda para que possamos refletir seu filho Jesus em nossos lares hoje e sempre.Autor: Wilson e Marli

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009



Esposos e esposas rezemos juntos:

“Senhor, não Te peço que afaste a tormenta ou resolvas meus problemas, não te peço que mudes as circunstancias que me cabem viver. Peço-Te apenas que me concedas a graça de caminhar por sobre elas sem afundar-me na desalento e na auto-compaixão, para não me afogar no fracasso e na dor. Ajuda-me a não afastar meus olhos de Ti, para lembrar sempre que tudo posso no Cristo que me fortalece”

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O testemunho de Rebecca Kiessling

Eu fui adotada assim que nasci. Aos 18 anos soube que fui concebida a partir de um estupro brutal sob ameaça de faca por um estuprador em série. Assim como a maior parte das pessoas, eu nunca pensei que o assunto aborto estivesse relacionado à minha vida, mas assim que recebi esta notícia percebi que não só está relacionado à minha vida, mas está ligado à minha própria existência. Era como se eu pudesse ouvir os ecos de todas as pessoas que, da forma mais simpática possível, dizem: “Bem, exceto nos caso de estupro...” ou que dizem com veemência e repulsa: “Especialmente nos casos de estupro!!!”. Existem muitas pessoas assim por aí. Elas sequer me conhecem, mas julgam a minha vida e tão prontamente a descartam só pela forma como fui concebida. Eu senti como se a partir daquele momento tivesse que justificar minha própria existência, tivesse que provar ao mundo que não deveria ter sido abortada e que eu era digna de viver. Também me lembro de me sentir como lixo por causa das pessoas que diziam que minha vida era um lixo, que eu era descartável.
Por favor, entenda que quando você se declara “a favor do direito de decidir” ou quando abre a exceção para o estupro, o que isso realmente significa é que você pode olhar nos meus olhos e me dizer “eu acho que sua mãe deveria ter tido a opção de abortar você”. Esta é uma afirmação muito forte. Jamais diria a alguém: “Se eu tivesse tido a chance, você estaria morta agora”. Mas essa é a realidade com a qual eu vivo. Desafio qualquer um a dizer que não é. Não é como se as pessoas dissessem: “Bom, eu sou a favor da livre escolha, menos naquela pequena fresta de oportunidade em 1968/69, para que você, Rebecca, pudesse ter nascido”. Não. Esta é a realidade mais cruel desse tipo de opinião e eu posso afirmar que isso machuca e que é uma maldade. Mas sei que muita gente não quer se comprometer sobre esse assunto. Para eles, é apenas um conceito, um clichê que eles varrem para debaixo do tapete e esquecem. Eu realmente espero que, como filha de um estupro, eu possa ajudar a dar um rosto e uma voz a esta questão.
Diversas vezes me deparei com pessoas que me confrontaram e tentaram se desvencilhar dizendo coisas do tipo: “Bem, você teve sorte!”. Tenha certeza de que minha sobrevivência não tem nada a ver com sorte. O fato de eu estar viva hoje tem a ver com as escolhas feitas pela nossa sociedade: pessoas que lutaram para que o aborto fosse ilegal em Michigan naquela época -- mesmo em casos de estupro --, pessoas que brigaram para proteger a minha vida e pessoas que votaram a favor da vida. Eu não tive sorte. Fui protegida. E vocês realmente acham que nossos irmãos e irmãs que estão sendo abortados todos os dias simplesmente são “azarados”?
Apesar de minha mãe biológica ter ficado feliz em me conhecer, ela me contou que foi a duas clínicas de aborto clandestinas e que eu quase fui abortada. Depois do estupro, a polícia indicou um conselheiro que simplesmente disse a ela que a melhor opção era abortar. Minha mãe biológica disse que naquela época não havia centros de apoio a grávidas em risco, mas me garantiu que, se houvesse, ela teria ido até lá pelo menos para receber um pouco mais de orientação. O conselheiro foi quem estabeleceu o contato entre ela e os aborteiros clandestinos. Ela disse que a clínica tinha a típica aparência de fundo de quintal, como a gente escuta por aí, e lá “ela poderia ter me abortado de forma segura e legal”: sangue e sujeira na mesa e por todo o chão. Essas condições precárias e o fato de ser ilegal levaram-na a recuar, como acontece com a maioria das mulheres.
Depois ela entrou em contato com um aborteiro mais caro. Desta vez, se encontraria com alguém à noite no Instituto de Arte de Detroit. Alguém iria se aproximar dela, dizer seu nome, vendá-la, colocá-la no banco de trás de um carro, levá-la e então me abortar... Depois vendá-la novamente e levá-la de volta. E sabe o que eu acho mais lamentável? É que eu sei que existe um monte de gente por aí que me ouviria contar esses detalhes e que responderia com uma balançada de cabeça em desaprovação: “Seria terrível que sua mãe biológica tivesse tido que passar por tudo isso para conseguir abortar você!”. Isso é compaixão?!!! Eu entendo que eles pensem que estão sendo compassivos, mas para mim parece muita frieza de coração, não acha? É sobre a minha vida que eles estão falando de forma tão indiferente e não há nada de compaixão neste tipo de opinião. Minha mãe biológica está bem, a vida dela continuou e ela está se saindo muito bem, mas eu teria morrido e minha vida estaria acabada. A minha aparência não é a mesma de quando eu tinha quatro anos de idade ou quatro dias de vida, ainda no útero da minha mãe, mas ainda assim era inegavelmente eu e eu teria sido morta em um aborto brutal.
De acordo com a pesquisa do Dr. David Reardon, diretor do Instituto Elliot, co-editor do livro Vítimas e vitimados: falando sobre gravidez, aborto e crianças frutos de agressões sexuais, e autor do artigo “Estupro, incesto e aborto: olhando além dos mitos”, a maioria das mulheres que engravidam após uma agressão sexual não querem abortar e de fato ficam em pior estado depois de um aborto. http://www.afterabo rtion.org. Sendo assim, a opinião da maioria das pessoas sobre aborto em casos de estupro é fundamentada em falsas premissas: 1) a vítima de estupro quer abortar; 2) ela vai se sentir melhor depois do aborto; e 3) a vida daquela criança não vale o trabalho que dá para suportar uma gravidez. Eu espero que a minha história e as outras postadas neste site ajudem a acabar com este último mito.
Eu queria poder dizer que minha mãe biológica não queria me abortar, mas de fato ela foi convencida a não fazê-lo. Porém, o aspecto nojento e o palavreado sujo deste segundo aborteiro clandestino, além do receio por sua própria segurança, levaram-na a recuar. Quando ela lhe contou por telefone que não estava interessada neste acordo arriscado, este homem a insultou e a xingou. Para sua surpresa, ele ligou novamente no dia seguinte para tentar convencê-la a me abortar, e mais uma vez ela não quis prosseguir com o plano e ouviu mais uma série de insultos. Depois disso, ela simplesmente não podia mais prosseguir com essa idéia. Minha mãe biológica já estava entrando no segundo trimestre da gestação, quando seria muito mais perigoso e muito mais caro me abortar.
Sou muito grata por minha vida ter sido poupada, mas muitos cristãos bem intencionados me diziam coisas como “olha, Deus realmente quis que você nascesse!” e outros podem dizer “era mesmo pra você estar aqui”. Mas eu sei que Deus quer que toda criança tenha a mesma oportunidade de nascer e não posso me conformar e simplesmente dizer “bem, pelo menos a minha vida foi poupada”. Ou “eu mereci, veja o que eu fiz com a minha vida”. E as outras milhões de crianças não mereciam? Eu não consigo fazer isso. Você consegue? Você consegue simplesmente ficar aí e dizer “pelo menos eu fui desejado... pelo menos estou vivo...” ou simplesmente “sei lá”? Esse é realmente o tipo de pessoa que você quer ser? De coração frio? Uma aparência de compaixão por fora e coração de pedra e vazio por dentro? Você diz que se importa com os direitos das mulheres, mas não está nem aí pra mim porque eu sou um lembrete de algo que você prefere não encarar e que você detesta que outros se importem? Eu não me encaixo na sua agenda?
Na faculdade de direito eu tinha colegas que me diziam coisas como “se você tivesse sido abortada, não estaria aqui hoje e de qualquer forma não saberia a diferença, então por que se importa?”. Acredite ou não, alguns dos principais filósofos pró-aborto usam esse mesmo tipo de argumento: “O feto não sabe o que o atingiu, então não percebe que perdeu a vida”. Sendo assim, acho que se você esfaquear alguém pelas costas enquanto ele estiver dormindo, tudo bem, porque ele não sabe o que o atingiu?! Eu explicava aos meus colegas como a mesma lógica deles justificaria que eu “matasse você hoje, porque você não estaria aqui amanhã e não saberia a diferença de qualquer forma. Então, por que se importa?”. E eles ficavam com o queixo caído. É incrível o que um pouco de lógica pode fazer, quando você pára para pensar – que é o que devemos fazer numa faculdade de direito – e considera o que nós realmente estamos falando: há vidas que não estão aqui hoje porque foram abortadas. É como o velho ditado: “Se uma árvore cai na floresta e não há ninguém por perto para ouvir, será que faz barulho?”. Bem, sim! E se um bebê é abortado e ninguém fica sabendo, tem importância? A resposta é SIM! A vida dele importa. A minha vida importa. A sua vida importa e não deixe ninguém te dizer o contrário!
O mundo é um lugar diferente porque naquela época era ilegal a minha mãe me abortar. A sua vida é diferente porque ela não pôde me abortar legalmente e porque você está sentado aqui lendo as minhas palavras hoje! Mas você não tem que atrair platéias pra que a sua vida tenha importância. Há coisas que fazem falta a todos nós aqui hoje por causa das gerações que foram abortadas e isso importa.
Umas das melhores coisas que eu aprendi é que o estuprador NÃO é meu criador, como algumas pessoas queriam que eu acreditasse. Meu valor e identidade não são determinados por eu ser o “resultado de um estupro”, mas por ser uma filha de Deus. O Salmo 68, 5-6 declara: “Pai dos órfãos... no seu templo santo Deus habita. Dá o Senhor um lar ao sem-família”. E o Salmo 27, 10 nos diz: “Mesmo se pai e mãe me abandonassem, o Senhor me acolheria”. Eu sei que não há nenhum estigma em ser adotado. O Novo Testamento nos diz que é no espírito de adoção que nós somos chamados a ser filhos de Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Sendo assim, Ele deve ter pensado na adoção como símbolo do amor dEle por nós!
E o mais importante é que eu aprendi, poderei ensinar aos meus filhos e ensino aos outros que o seu valor não é medido pelas circunstâncias da sua concepção, seus pais, seus irmãos, seu parceiro, sua casa, suas roupas, sua aparência, seu QI, suas notas, seus índices, seu dinheiro, sua profissão, seus sucessos e fracassos ou pelas suas habilidades ou dificuldades. Essas são as mentiras que são perpetuadas na sociedade. De fato, muitos palestrantes motivacionais falam para suas platéias que se elas fizerem algo importante e atingirem certos padrões sociais, então elas também poderão “ser alguém”. Mas o fato é que ninguém conseguiria atingir todos esses padrões ridículos e muitas pessoas falhariam. Isso significa que elas não são “alguém” ou que elas são “ninguém”? A verdade é que você não tem que provar o seu valor a ninguém e se você quiser realmente saber qual é o seu valor, tudo o que precisa fazer é olhar para a Cruz, pois este é o preço que foi pago pela sua vida! Esse é o valor infinito que Deus colocou na sua vida! Para Ele você vale muito e para mim também. Que tal se juntar a mim para também proclamar o valor dos outros com palavras e ações?
Para aqueles que dizem “bem, eu não acredito em Deus e não acredito na Bíblia, então sou a favor da livre escolha de abortar ou não”, por favor, leia meu artigo “O direito da criança de não ser injustamente morta – uma abordagem da filosofia do direito”. Eu garanto que valerá o seu tempo.
Pela vida, Rebecca

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

TESTEMUNHO DO FREI RANIERO CANTALAMESSA

O batismo no Espírito Santo
Mas acaso o batismo no Espírito é o único meio de obter esse fervor e essa sóbria embriaguez do Espírito? Não bastam os meios comuns da graça — os sacramentos, a palavra de Deus? Com certeza, mas devemos estar atentos para não cair no mesmo erro dos escribas e dos fariseus. Eles diziam a Jesus: Há seis dias na semana para trabalhar; por que curas no sábado? Seria estranho que, sem perceber, che¬gássemos também nós a dizer a Jesus: Há sete sacramentos com os quais opera e santifica as pessoas; por que agir desse modo desco¬nhecido? A Igreja superou essa mentalidade quando em Lumen Gentium 12 incluiu a conhecida declaração:
"O Espírito Santo não só santifica; e dirige o Povo de Deus mediante os sacramentos, como também dis¬tribui graças especiais entre os fiéis de qualquer condição, distribuindo a cada um, de acordo com sua vontade, seus dons". Afirmou-se dessa maneira que há duas direções a partir das quais sopra o Espírito:

A partir do alto, através das vias institucionais e hierárquicas, e a partir de baixo, por assim dizer, de todo o corpo, com os dons que ele suscita livremente quando e onde quer.
Mas não gostaria de ser eu mesmo a limitar a liberdade do Espí¬rito, justamente quando procuro defendê-la. Portanto, respondo à pergunta que nos propusemos antes do seguinte modo: se por "batismo no Espírito" entendemos certo rito, realizado de determinada forma, em certo contexto e com certas conotações, não, sequer esse é o único meio de ter a experiência de Pentecostes hoje. Houve e há cristãos que tiveram a experiência de Deus, da visita forte do Espírito, sem saber o que é o batismo no Espírito.

Contudo, o batismo no Espírito revelou-se um poderoso meio de reavivar a vida espiritual de milhões de pessoas, uma autêntica "corrente de graça", como apreciava defini-lo o cardeal Suenens. Teremos, portanto, de pensar bem antes de chegar à conclusão de que não serve para nós ou de que podemos deixá-lo de lado. Eu estava a ponto de ser um desses e por isso gostaria de contar brevemente a minha experiência. Faço-o também por crer que já me formulei todas as objeções que costumam deter os sacerdotes a abrir-se a essa realidade.
Creio que minha pobre experiência poderia ajudar alguém, senão a outra coisa, pelo menos a não cometer os mesmos erros.

Sou um sacerdote capuchinho. Até a alguns anos, era professor de História das Origens Cristãs e Diretor do Departamento de Ciências Religiosas da Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão. Tratava-se de um serviço bom para a Igreja e para a pesquisa – pelo menos assim me asseguravam os meus superiores. Eu, todavia não estava satisfeito e sentia vagamente a necessidade de uma mudança radical. Jesus queria ter uma participação maior em minha vida; não lhe bastava "aquele conhecimento impessoal", do qual já lhes falei antes. Mas eu sentia, ao mesmo tempo, que nunca teria a força para realizar uma mudança desse tipo.

Em 1974, comecei a ouvir falar da Renovação Carismática; eu disse à pessoa que me falou que não fosse mais àquele lugar. Depois me aproximei um pouco mais dessa realidade, especialmente porque as pessoas, em lugar de ofender-se com as minhas críticas, pareciam amar-me então ainda mais e me exortavam a dar-lhes ensinamentos. Algumas coisas que eu via me fascinavam, porque, com base na minha especialização, reconhecia sem dificuldade que eram idênticas às que ocorriam nas primeiras comunidades cristãs. Já outras coisas (falar em línguas, profetizar) me incomodavam, e eu as recusava.

Por fim, em 1977, uma pessoa de Milão ofereceu alguns convites para ir aos Estados Unidos participar de uma grande reunião carismática ecumênica em Kansas City. E eu, que na época precisava ir aos Estados Unidos, aceitei um. Aquilo que eu via em Kansas City era claramente uma profecia para a Igreja. Quarenta mil cristãos — a metade formada por católicos, a outra, por pessoas de outras confissões — reunidos à tarde no estádio para orar juntos e escutar a palavra de Deus. Certa tarde houve uma profecia. Dizia: "Chorai, lamentai-vos, porque o corpo do meu Filho está destroçado! Vós, leigos, vós, sacerdotes, vós, bispos: chorai e lamentai-vos porque o corpo do meu Filho está destroçado!" Um depois do outro, todos no estádio caíram de joelhos soluçando, e isso acontecia enquanto uma mensagem luminosa se projetava contra o céu escuro em toda a extensão do estádio: "JESUS IS LORD!" "JESUS É O SENHOR!" Parecia uma profecia da Igreja do futuro, a Igreja que todos esperamos, onde os fiéis se reúnam no arrependimento, sob o domínio soberano de Cristo.

E, imaginem vocês, tudo isso não bastou. Eu continuava observando todas essas coisas de fora, dizendo dentro de mim: isto sim, isto não. Uma palavra de Jesus ainda continuava ressoando em meu coração, e eu não conseguia afastá-la da mente: "Ditosos os olhos que vêm o que vedes; ditosos os ouvidos que escutam o que escutais!" Cantava-se uma vez o canto que narra a história de Jericó que cai, com o estribilho que repetia: Jerico must fall, Jericó deve cair. Os companhei­ros que tinham viajado comigo da Itália cutucavam-me dizendo: "Es­cute bem, porque você é Jericó!"

De Kansas City fomos a uma comunidade carismática de Nova Jersey onde ocorria uma semana de retiro sobre a Trindade. Eu procu­rava separar-me do grupo para ir ao meu convento de capuchinhos. Mas um sacerdote muito caridoso insistia comigo: fique mais esta se­mana conosco. Lembro que no final eu disse a mim mesmo: "Mas esta não é uma casa de perdição, é uma casa de retiros; certamente não me fará mal ficar. Pois bem, fico!" Era isso o que o Senhor queria. (É comovedor ver como se contenta com pouco.)

E aqui se situaram as objeções das quais falei antes, objeções que tive de superar uma a uma. Dizia-me a mim mesmo: mas se sou filho de São Francisco, possuo uma magnífica espiritualidade, tantos san­tos... O que estou buscando entre estes irmãos, o que eles podem me oferecer de novo? Enquanto ponderava dessa maneira, no fundo da sala (era um encontro de oração) uma irmã abriu a Bíblia e começou a ler. E qual era a leitura? A passagem em que João Batista diz aos fariseus: "Não digais em vosso coração: somos filhos de Abraão, somos filhos de Abraão!" Entendi que se dirigia a mim e mudei minha oraição ao Senhor. Passei a dizer: Senhor, não digo mais que sou filho de São Francisco, mas peço-te que me faças com o teu Espírito realmente filho de São Francisco, porque até agora não o fui.

Mas nem tudo terminava aí (eu disse a vocês que me defendi com todas as forças). Mas se eu — dizia-me a mim mesmo — sou um sacerdote ordenado pelo bispo, recebi o Espírito Santo. Por que devo ajoelhar-me diante dos irmãos, inclusive leigos, e aceitar que orem por mim? Dessa vez, a resposta chegou a mim diretamente, com uma simples reflexão teológica. Pareceu-me ouvir a própria voz de Jesus falando-me: "E eu então? Vindo ao mundo, não tinha sido consagrado pelo próprio Pai? Acaso não possuía eu a plenitude do Espírito desde a minha encarnação? E, não obstante, aceitei ser batizado porJoão Batista— que também era um leigo! —, e o Pai me deu uma nova plenitude de Espírito para a minha missão, por vós". Então eu disse como Jó: Falei uma vez, e não o repetirei. Ponho a mão sobre a boca. Batiza-me, Senhor, com o teu Espírito...

Enquanto me preparava para receber o batismo no Espírito com uma boa confissão geral, recordando toda a minha vida, eu me via como um cocheiro que, com as rédeas na mão, tinha tentado dirigir a carroça como queria: às vezes lento, outras vezes veloz, agora à direita, depois à esquerda. Mas sem resultado. Nesse momento, foi como se Jesus se sentasse junto a mim (não pensem em nada de extraordinário, visões ou coisas parecidas; eram como simples flashs, imagens interiores bastante comuns) e me dissesse: “Queres dar-me as rédeas da tua Vida?"
Muitos dos que tiveram a experiência do batismo no Espírito ressaltam este fato: o que decide tudo é um ato total de abandono à vontade de Deus, um render-se e entregar-se a ele sem reservas, dar-Ihe as rédeas da nossa vida. Um dos que participaram do primeiro retiro carismático em 1967 resume assim o acontecimento: "Nós nos entregamos completamente a Jesus, e Jesus nos entregou o seu Espírito".

Durante a oração dos irmãos pela efusão do Espírito, no momento em que me exortavam a escolher de novo Jesus como Senhor da minha vida, recordo que ergui os olhos, que foram pousar no crucifixo que estava sobre o altar. Era como se ele esperasse o meu olhar para dizer-me: Atenção, não te enganes, Raniero, este é o Jesus que escolhes como teu Senhor, não outro, não um Jesus fácil ou cor-de-rosa. Compreendi que a Renovação no Espírito é uma coisa diferente de um acontecimento formado de emoções ou de entusiasmos superficiais; ela leva diretamente ao cerne do Evangelho.

Não ocorreu nada de espetacular. Só que, uma vez chegando ao convento ao qual fora destinado, percebi que algo estava mudando: minha oração. De regresso à Itália, vocês podem imaginar a felicidade dos irmãos. Eles diziam: Enviamos à América Saulo e nos devolveram Paulo!
Depois de pouco tempo, teve lugar o fato que mudou a minha vida e que atribuo à graça do batismo no Espírito. Um dia, enquanto estava orando em meu quarto, tive outra daquelas imagens interiores, possíveis sugeridas pelo versículo bíblico sobre o qual estava refletindo. Era como se Jesus passasse diante de mim com a mesma atitude que tinha quando, regressando do Jordão, se dispunha a dar início à sua pregação. Ele dizia: “Se queres vir ajudar-me a proclamar o reino de Deus, deixa tudo e vem!" (Vocês já sabem, portanto, de onde se originou este retiro e por que é tão especial para mim esse momento da vida de Cristo.) "Deixa tudo" significava: o ensino na universidade, tudo o que fizeste até agora. Por um momento, tive medo de não estar preparado, porque aquele Jesus parecia decidido e tinha pressa; exortava mas não se detinha.
Mas percebi que em meu coração havia já um sim pacífico, seguro, posto ali — estou persuadido disso — pela graça de Deus. Levantei-me como um homem diferente do que aquele que começara a orar. Dirigi-me ao meu superior geral para comunicar-lhe a minha inspiração, e foi nesse momento que descobri que grande dom é para nós, os católicos, e para nós, os religiosos e sacerdotes, o fato de ter uma autoridade, o fato de possuir esses representantes de Deus na terra. Só assim pude estar certo de que se tratava realmente da vontade de Deus, e não de uma suposta inspiração minha. Meu superior me disse que esperasse um ano; passado este, concordou ser de fato um chamado de Deus e me deu sua bênção para eu começar a ser pregador itinerante do Evangelho, à feição de São Francisco de Assis.

Ainda não se tinham passado três meses quando chegou a mim, de Roma, a notícia de que o Papa me nomeara Pregador da Casa Pontifícia, cargo que ocupo há 12 anos. Para dizer a verdade, é ele, o Santo Padre, quem me prega a mim, com sua humildade, encontrando o tempo necessário, todas as sextas-feiras pela manhã, no Advento e na Quaresma, para vir escutar a palavra de um simples sacerdote da Igreja.

Foi assim que desejei, tal como São Paulo, "dar testemunho da graça de Deus", porque é certo ser tudo pura graça de Deus. Eu fiz para que, assim, minhas graças subam a Deus, multiplicadas pelas graças de todos vocês. Chegamos então ao final do nosso retiro. Quero compartilhar com vocês uma recordação pessoal, uma última palavra de Deus. No dia em que meu superior geral me deu permissão para abandonar o ensino universitário e dedicar-me em tempo integral à pregação do reino, havia, no ofício de leitura, uma passagem do profeta Ageu. Deus disse ao sumo sacerdote e a todo o povo quando estes começaram a reconstruir o templo: "Mas agora tem ânimo, Zorobabel, oráculo de lahweh; ânimo, Josué, filho de Josedec, sumo sacerdote, ânimo, povo toda da terra, oráculo de lahweh! Trabalhai, porque eu estou convosco... e entre vós permanece o meu Espírito!" (Ag 2,4-5)

Era um chuvoso dia de outono, e a Praça de São Pedro, para onde eu fora a fim de orar ao Apóstolo, estava deserta. Senti de repente o impulso de levantar os olhos para a janela do Santo Padre e comecei a dizer alto (não havia ninguém por perto): "Ânimo, João Paulo II, sumo sacerdote, ânimo, povo todo da terra, e trabalhai, porque — diz o Senhor — eu estou convosco!"
Mas nem tudo terminou aí. Três meses depois, como eu disse, fui nomeado Pregador da Casa Pontifícia e quando me encontrei pela primeira vez na presença do Papa, não pude senão recordar aquele acontecimento. Compartilhei-o com todos e repeti as palavras ditas. Desde aquele dia, tenho repetido com freqüência as palavras do profeta, em minhas viagens pelo mundo, sobretudo quando tenho de falar a sacerdotes ou a bispos. Tenho hoje a felicidade de dizê-las aqui a vocês: "Ânimo, bispos da América Latina, ânimo, sacerdotes, ânimo, povo todo desta terra, e trabalhai, porque eu estou convosco, disse o Senhor. Meu Espírito está convosco!"

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Família Igreja doméstica


§1655 A Igreja doméstica Cristo 5quis nascer e crescer no seio da Sagrada Família José e Maria. A Igreja não é outra coisa senão a "família de Deus". Desde suas origens, o núcleo da Igreja era em geral constituído por aqueles que, "com toda a sua casa", se tomavam cristãos. Quando eles se convertiam, desejavam também que "toda a sua casa" fosse salva. Essas famílias que se tomavam cristãs eram redutos de vida cristã num mundo incrédulo.

§1656 Em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hóstia à fé, as famílias cristãs são de importância primordial, como lares de fé viva e irradiante. Por isso, o Concílio Vaticano II chama a família, usando uma antiga expressão, de "Ecclesia domestica". E no seio da família que os pais são "para os filhos, pela palavra e pelo exemplo... os primeiros mestres da fé. E favoreçam a vocação própria a cada qual, especialmente a vocação sagrada".

§1656 Em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hóstia à fé, as famílias cristãs são de importância primordial, como lares de fé viva e irradiante. Por isso, o Concílio Vaticano II chama a família, usando uma antiga expressão, de "Ecclesia domestica". E no seio da família que os pais são "para os filhos, pela palavra e pelo exemplo... os primeiros mestres da fé. E favoreçam a vocação própria a cada qual, especialmente a vocação sagrada".

§1658 Não podemos esquecer também certas pessoas que, por causa das condições concretas em que precisam viver - muitas vezes contra a sua vontade -, estão particularmente próximas do coração de Jesus e merecem uma atenciosa afeição e solicitude da Igreja e principalmente dos pastores: o grande número de pessoas celibatárias. Muitas dessas pessoas ficam sem família humana, muitas vezes por causa das condições de pobreza. Há entre elas algumas que vivem essa situação no espírito das bem-aventuranças, servindo a Deus e ao próximo de modo exemplar. A todas elas é preciso abrir as portas dos lares, "Igrejas domésticas", e da grande família que é a Igreja. "Ninguém está privado da família neste mundo: a Igreja é casa e família para todos, especialmente para quantos 'estão cansados e oprimidos'."

§1666 O lar cristão é o lugar em que os filhos recebem o primeiro anúncio da fé. Por isso, o lar é chamado, com toda razão, de "Igreja doméstica", comunidade de graça e de oração, escola das virtudes humanas e da caridade cristã.

§2204 A FAMÍLIA CRISTÃ "Uma revelação e atuação específica da comunhão eclesial é constituída pela família cristã, que também, por isso, se pode e deve chamar igreja doméstica." E uma comunidade de fé, de esperança e de caridade; na Igreja ela tem uma importância singular, como se vê no Novo Testamento.

§2205 A família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é o reflexo da obra criadora do Pai. Ela é chamada a partilhar da oração e do sacrifício de Cristo. A oração cotidiana e a leitura da Palavra de Deus fortificam nela a caridade. A família cristã é evangelizadora e missionária.-
Servidores da oração

§2685 A família cristã é o primeiro lugar da educação para a oração. Fundada sobre o sacramento do matrimônio, ela é "a Igreja doméstica", onde os filhos de Deus aprendem a orar "como Igreja" e a perseverar na oração. Para as crianças, particularmente, a oração familiar cotidiana é o primeiro testemunho da memória viva da Igreja reavivada pacientemente pelo Espírito Santo.